sábado, 18 de janeiro de 2014

Primeira volta - Balanço


Classificação da Liga Zon Sagres à 15ª jornada
Completou-se a 15ª jornada e atingiu-se um marco sempre significativo em qualquer temporada futebolistica. Acabou a primeira volta do campeonato. E não podia acabar de melhor forma para as gentes do futebol, com um clássico entre os dois principais candidatos ao título nacional, Benfica e Futebol Clube do Porto, marcado para um Domingo à tarde, a fazer lembrar outros tempos. 
A primeira volta fechou com um Clássico carregado de emoção
O jogo acabou por não ser de grande qualidade mas mostrou bem aquilo que estas duas equipas têm sido ao longo da primeira metade do campeonato. Ganhou o Benfica e, com isso, isolou-se no comando da Liga de forma algo natural. Os encarnados entraram mal na prova, ainda abalados pelas derrotas do final da época passada que teimava em não desaparecer da memória mas, com o tempo, foram-se libertando da pressão acumulada e conseguiram deixar para trás a fatídica época de 2012/2013 para entrarem, definitivamente na corrente temporada. É verdade que continuam a não apresentar um futebol deslumbrante mas têm conseguido, com maior ou menor dificuldade, somar vitórias e, assim, encetar uma boa campanha. Chegaram a estar com 5 pontos de desvantagem face ao líder do campeonato mas estão em crescendo e dobram a prova com 2 de vantagem sobre o segundo classificado. E o clube que ocupa a segunda posição não é o Futebol Clube do Porto mas sim um surpreendente Sporting que, em época de contracção de gastos, consegue-se apresentar bem acima daquilo que, à partida seria esperado. Os leões têm sido uma equipa com uma regularidade impressionante, mostrando, a espaços, um futebol de grande qualidade. No papel, nem parece ser uma grande equipa mas Leonardo Jardim, o seu treinador conseguiu com que seja uma equipa que, deprivada de grandes estrelas, consegue enaltecer o seu colectivo em deterimento do individual e jogar de uma forma muito coesa a defender e eficiente a sair para o ataque, sempre sem complicar. Não espanta, assim, que possua a melhor defesa e o melhor ataque do campeonato. É a grande surpresa da prova e parece mostrar, com cada jornada que passa, que irá levar a luta pelo título até ao fim. 
Jardim e Jesus olham para o título nacional.
Logo atrás, com menos um ponto, surge o Futebol Clube do Porto, crónico candidato ao título nacional. Os tricampeões, apesar de apenas a 3 pontos do primeiro lugar, têm sido uma desilusão. O clássico na Luz do fim de semana passado foi o espelho do que tem sido a época dos dragões que até começaram bem, a destacar-se cedo na liderança. Contudo, nunca apresentaram um futebol convincente e a equipa parece perder confiança de jogo para jogo, espantando até, observar a enorme quantidade de erros defensivos que se vão tornando comuns em todos os seus jogos. Isto, naquele que é considerado o seu melhor sector e onde o Porto é tradicionalmente forte. A equipa tem vindo a perder gás de forma muito evidente e, com isso, a perder pontos e lugares na classificação. O seu treinador, Paulo Fonseca, perdido entre variações do seu tradicional 4-3-3, parece ainda procurar a melhor forma de jogar o que, à 15ª jornada, é preocupante. Os seus adeptos não gostam do que vêm e com isso, aumentam a pressão sobre a equipa. Será difícil a Paulo Fonseca recuperar a confiança que se vai perdendo mas, se não o fizer, corre o risco de chegar às últimas jornadas afastado da discussão pelo título nacional, o que não acontece no reino do Dragão à algum tempo.
Paulo Fonseca terá de repensar o seu FC Porto
Saltando da luta pelo título para a discussão pela qualificação para as competições europeias, surgem algumas boas equipas. Olhando para a classificação, logo salta à vista que o Braga não ocupa nenhum destes lugares. Os arsenalistas habituaram-nos a ver, nas ultimas 5 temporadas, uma equipa a lutar pela qualificação para a Liga dos Campeões e até pelo título nacional mas um inicio titubeante colocou-os muito cedo fora dessa corrida. Após uma sequência de várias derrotas seguidas, a equipa parece ter encontrado o seu equilíbrio e tem encetado uma recuperação notável, galgando lugares na tabela e acabando a primeira volta num sétimo lugar que a coloca na luta pelos lugares que dão acesso à Liga Europa. Não deixa de ser uma das grandes desilusões da primeira volta mas o seu crescendo de forma parece mostrar que será uma das boas equipas da segunda volta. Acima de si estão as outras equipas que se assumem candidatas aos tais lugares europeus, o seu vizinho Vitória de Guimarães, o surpreendente Nacional da Madeira e o Estoril. Se os dois primeiros se têm revelado boas surpresas, muito por fruto de mais um excelente trabalho dos seus treinadores, Rui Vitória e Manuel Machado, respectivamente, já o Estoril está a confirmar que a brilhante época realizada em 2012/2013 não foi fruto do acaso. É uma equipa estável, muito bem liderada, que se soube reinventar a colmatar bem a saída de 4 das suas principais figuras e que, apesar do seu historial e dimensão indicarem o contrário, dificilmente se poderá considerar uma surpresa. Ainda falta muito campeonato mas tudo indica que a luta pela Europa se fará entre estas 4 equipas.
Marco Silva conduz o Estoril a mais uma época memorável
Logo abaixo na classificação, nota-se já o aparecimento de um pequeno fosso, a partir do qual aparece o habitual maranhal de equipas que é composto por quem luta pela manutenção e aspira a fazer uma época tranquila, casos de Gil Vicente, Académica e Vitória de Setúbal, e por quem se tem mostrado aquém de objectivos mais elevados, assumidos no inicio do ano futebolistico. Destas, é impossível não destacar o Marítimo, uma das maiores desilusões da temporada. Os madeirenses aparecem num 11º lugar muito distante do seu objectivo. Quem os vê jogar depressa repara que são uma equipa que pratica bom futebol ofensivo mas que é demasiado leve a defender. Os seu saldo de golos mostra isto mesmo. São a equipa com mais golos marcados a seguir aos três grandes mas possuem, ao mesmo tempo, 28 golos sofridos, número apenas inferior ao do último classificado. Pelo meio, encontramos também um Rio Ave que é uma meia desilusão. É verdade que procura apenas fazer uma época tranquila mas parece ter equipa para mais. Ainda está a tempo e pode ser uma das boas surpresas da segunda volta.
Os jogos do Marítimo são sinónimo de golos...para qualquer dos lados.
Na cauda da tabela, quatro equipas em luta acesa pela manutenção. Destas, há que destacar o Arouca, ainda a mostrar falta de experiência nestas andanças, a verdade é que os estreantes têm vindo a melhorar e já estão mais perto da chamada zona tranquila do que da linha de água. São, no entanto, uma equipa muito inconstante. Abaixo destes encontramos o Belenenses, um pouco aquém das expectativas. É verdade que regressaram esta época à Primeira Liga mas, após vencer a Segunda Liga de forma ímpar, com vários pontos de avanço sobres os adversários, e com um plantel reforçado, pareciam ser candidatos a uma presença no meio da tabela. Os azuis apresentam um futebol agradável mas, ao mesmo tempo, uma grande dificuldade em concretizar, possuindo o pior ataque do campeonato, com apenas 9 golos marcados em 15  jogos. Aproveitaram a corrente reabertura do mercado de transferências para reforçar o seu sector ofensivo e, caso melhorem neste aspecto, podem fazer uma segunda volta bem mais tranquila. Abaixo da linha de água, estão aquelas que se têm apresentado, de forma bastante clara, como as piores equipas do campeonato. A um Olhanense muito descaracterizado, incapaz de se encontrar e que já vai no terceiro treinador da época, junta-se a maior desilusão da temporada, o Paços de Ferreira. Os castores realizaram a melhor época da sua história em 2012/2013 mas não conseguiram resistir ao assalto feito aos seus valores. Perderam praticamente todos os seus melhores jogadores e até a equipa técnica e, apesar de terem conseguido montar uma equipa com nomes relativamente sonantes, não conseguem apresentar um futebol competitivo. Agora treinados por Henrique Calisto, uma velha raposa destas andanças do fundo da tabela, têm ainda tempo de conseguir a manutenção mas precisam de melhorar muito, principalmente a nível defensivo.
Henrique Calisto tem pela frente uma tarefa titânica para salvar o Paços.

Começa assim a segunda volta do campeonato com muito equilíbrio em todas as diferentes lutas que o compõem. São 15 jornadas pela frente. Tempo mais do que suficiente para se mudar o que está mal e manter o que está bem. O campeonato promete, se não pela sua grande qualidade futebolistica, pelo menos pela sua indefinição. Será assim até ao fim? 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A Bola de Ouro 2013

A Bola de Ouro, prémio máximo para um jogador de futebol
Muito se tem falado, nos últimos meses, acerca da atribuição do prémio da Bola de Ouro, referente ao melhor jogador a nível mundial, de 2013. A razão é simples. Este prémio, o de maior prestigio a nível individual do futebol mundial, tem sido alvo de alguma polémica nos últimos anos, quase sempre referente à atribuição sucessiva ao argentino Messi, com o português Cristiano Ronaldo a ficar sucessivamente em segundo lugar. A verdade é que a discussão teria sempre de ser relativa a estes dois jogadores, ambos num nível estratosférico quando comparados com qualquer outro jogador actual. A atribuição ao argentino tem sido indiscutível em algumas edições do troféu mas nem sempre. Existiram edições em que Ronaldo parecia ser o favorito mas viu o prémio fugir, sempre para Messi. Isso chegou mesmo a gerar desconforto no capitão da selecção nacional, algo revelado publicamente pelo mesmo. Mas a edição de 2013 seria um pouco diferente das anteriores. 2013 não foi um grande ano para Messi. É verdade que o seu Barcelona venceu o campeonato espanhol e que o astro argentino até foi o melhor marcador do campeonato espanhol de 2012/2013 mas a Bola de Ouro não é referente a épocas futebolisticas mas sim a anos civis e, considerando apenas o ano de 2013, Messi apresentou-se a nível inferior ao que tinha habituado os fãs de futebol e viu Cristiano Ronaldo ultrapassar-lhe em praticamente todos os registos individuais. Estava visto que seria o ano de Ronaldo. Mas a discussão acabou alargado a um terceiro elemento, o francês Franck Ribery, estrela maior de um Bayern de Munique que venceu tudo o que havia para vencer, impressionando de forma particular com o seu desempenho na Champions League, prova raínha de clubes. O francês recebeu o apoio de diversas personalidades, das quais se destaca o presidente da UEFA, o também francês Michel Platini e chegou a ser visto como grande favorito, capaz de quebrar a discussão Ronaldo/Messi para o troféu. Mas a votação da Bola de Ouro não é efectuada pela UEFA nem pela FIFA. Os votos para a atribuição do prémio vêm de outro lado. Cada país filiado no organismo que gere o futebol mundial tem direito a 3 participações, cada uma distribuindo um total de 9 pontos, 5 para o primeiro classificado, 3 para o segundo e 1 para o terceiro. Essas participações são feitas pelo capitão da selecção de cada país, pelo seu seleccionador nacional e por um jornalista acreditado para o efeito. A votação foi feita, os votos foram contabilizados e a Bola de Ouro de 2013 foi atribuida a Cristiano Ronaldo, com 27,99% dos votos. Messi, com 24,72% acabou por ficar em segundo lugar e Ribery em terceiro, com 23,36%, não tendo conseguido intrometer-se na luta titânica entre os dois melhores jogadores mundiais dos últimos 7 anos. Mas um outro Tabu foi quebrado. Provou-se que não é necessário vencer qualquer troféu colectivo para vencer a Bola de Ouro o que incomodou visivelmente Platini.
Ribery, Ronaldo e Messi, os três candidatos ao troféu de 2013
A justiça na atribuição do prémio é indiscutível. Ronaldo foi o melhor jogador de 2013, recebeu a Bola de Ouro e esta atribuição peca apenas por tardia. Cristiano Ronaldo consegue assim a sua segunda Bola de Ouro, a quarta para o futebol português, o que não deixa de ser um feito notável para um país tão pequeno. Parabéns, Ronaldo!
Ronaldo, emocionado, recebe o prémio