Classificação da Liga Zon Sagres à 15ª jornada |
Completou-se a 15ª
jornada e atingiu-se um marco sempre significativo em qualquer temporada
futebolistica. Acabou a primeira volta do campeonato. E não podia acabar de
melhor forma para as gentes do futebol, com um clássico entre os dois
principais candidatos ao título nacional, Benfica e Futebol Clube do Porto, marcado
para um Domingo à tarde, a fazer lembrar outros tempos.
A primeira volta fechou com um Clássico carregado de emoção |
O jogo acabou por não
ser de grande qualidade mas mostrou bem aquilo que estas duas equipas têm sido
ao longo da primeira metade do campeonato. Ganhou o Benfica e, com isso,
isolou-se no comando da Liga de forma algo natural. Os encarnados entraram mal
na prova, ainda abalados pelas derrotas do final da época passada que teimava
em não desaparecer da memória mas, com o tempo, foram-se libertando da pressão
acumulada e conseguiram deixar para trás a fatídica época de 2012/2013 para
entrarem, definitivamente na corrente temporada. É verdade que continuam a não
apresentar um futebol deslumbrante mas têm conseguido, com maior ou menor
dificuldade, somar vitórias e, assim, encetar uma boa campanha. Chegaram a
estar com 5 pontos de desvantagem face ao líder do campeonato mas estão em
crescendo e dobram a prova com 2 de vantagem sobre o segundo classificado. E o
clube que ocupa a segunda posição não é o Futebol Clube do Porto mas sim um
surpreendente Sporting que, em época de contracção de gastos, consegue-se
apresentar bem acima daquilo que, à partida seria esperado. Os leões têm sido
uma equipa com uma regularidade impressionante, mostrando, a espaços, um
futebol de grande qualidade. No papel, nem parece ser uma grande equipa mas
Leonardo Jardim, o seu treinador conseguiu com que seja uma equipa que,
deprivada de grandes estrelas, consegue enaltecer o seu colectivo em
deterimento do individual e jogar de uma forma muito coesa a defender e
eficiente a sair para o ataque, sempre sem complicar. Não espanta, assim, que
possua a melhor defesa e o melhor ataque do campeonato. É a grande surpresa da
prova e parece mostrar, com cada jornada que passa, que irá levar a luta pelo
título até ao fim.
Jardim e Jesus olham para o título nacional. |
Logo atrás, com menos um ponto, surge o Futebol Clube do
Porto, crónico candidato ao título nacional. Os tricampeões, apesar de apenas a
3 pontos do primeiro lugar, têm sido uma desilusão. O clássico na Luz do fim de
semana passado foi o espelho do que tem sido a época dos dragões que até
começaram bem, a destacar-se cedo na liderança. Contudo, nunca apresentaram um
futebol convincente e a equipa parece perder confiança de jogo para jogo,
espantando até, observar a enorme quantidade de erros defensivos que se vão
tornando comuns em todos os seus jogos. Isto, naquele que é considerado o seu
melhor sector e onde o Porto é tradicionalmente forte. A equipa tem vindo a
perder gás de forma muito evidente e, com isso, a perder pontos e lugares na
classificação. O seu treinador, Paulo Fonseca, perdido entre variações do seu
tradicional 4-3-3, parece ainda procurar a melhor forma de jogar o que, à 15ª
jornada, é preocupante. Os seus adeptos não gostam do que vêm e com isso, aumentam
a pressão sobre a equipa. Será difícil a Paulo Fonseca recuperar a confiança
que se vai perdendo mas, se não o fizer, corre o risco de chegar às últimas
jornadas afastado da discussão pelo título nacional, o que não acontece no
reino do Dragão à algum tempo.
Paulo Fonseca terá de repensar o seu FC Porto |
Saltando da luta pelo
título para a discussão pela qualificação para as competições europeias, surgem
algumas boas equipas. Olhando para a classificação, logo salta à vista que o
Braga não ocupa nenhum destes lugares. Os arsenalistas habituaram-nos a ver,
nas ultimas 5 temporadas, uma equipa a lutar pela qualificação para a Liga dos
Campeões e até pelo título nacional mas um inicio titubeante colocou-os muito
cedo fora dessa corrida. Após uma sequência de várias derrotas seguidas, a
equipa parece ter encontrado o seu equilíbrio e tem encetado uma recuperação
notável, galgando lugares na tabela e acabando a primeira volta num sétimo
lugar que a coloca na luta pelos lugares que dão acesso à Liga Europa. Não
deixa de ser uma das grandes desilusões da primeira volta mas o seu crescendo
de forma parece mostrar que será uma das boas equipas da segunda volta. Acima
de si estão as outras equipas que se assumem candidatas aos tais lugares
europeus, o seu vizinho Vitória de Guimarães, o surpreendente Nacional da
Madeira e o Estoril. Se os dois primeiros se têm revelado boas surpresas, muito
por fruto de mais um excelente trabalho dos seus treinadores, Rui Vitória e
Manuel Machado, respectivamente, já o Estoril está a confirmar que a brilhante
época realizada em 2012/2013 não foi fruto do acaso. É uma equipa estável,
muito bem liderada, que se soube reinventar a colmatar bem a saída de 4 das
suas principais figuras e que, apesar do seu historial e dimensão indicarem o
contrário, dificilmente se poderá considerar uma surpresa. Ainda falta muito
campeonato mas tudo indica que a luta pela Europa se fará entre estas 4
equipas.
Marco Silva conduz o Estoril a mais uma época memorável |
Logo abaixo na
classificação, nota-se já o aparecimento de um pequeno fosso, a partir do qual
aparece o habitual maranhal de equipas que é composto por quem luta pela
manutenção e aspira a fazer uma época tranquila, casos de Gil Vicente,
Académica e Vitória de Setúbal, e por quem se tem mostrado aquém de objectivos
mais elevados, assumidos no inicio do ano futebolistico. Destas, é impossível
não destacar o Marítimo, uma das maiores desilusões da temporada. Os madeirenses
aparecem num 11º lugar muito distante do seu objectivo. Quem os vê jogar
depressa repara que são uma equipa que pratica bom futebol ofensivo mas que é demasiado
leve a defender. Os seu saldo de golos mostra isto mesmo. São a equipa com mais
golos marcados a seguir aos três grandes mas possuem, ao mesmo tempo, 28 golos
sofridos, número apenas inferior ao do último classificado. Pelo meio,
encontramos também um Rio Ave que é uma meia desilusão. É verdade que procura
apenas fazer uma época tranquila mas parece ter equipa para mais. Ainda está a
tempo e pode ser uma das boas surpresas da segunda volta.
Os jogos do Marítimo são sinónimo de golos...para qualquer dos lados. |
Na cauda da tabela,
quatro equipas em luta acesa pela manutenção. Destas, há que destacar o Arouca,
ainda a mostrar falta de experiência nestas andanças, a verdade é que os
estreantes têm vindo a melhorar e já estão mais perto da chamada zona tranquila
do que da linha de água. São, no entanto, uma equipa muito inconstante. Abaixo
destes encontramos o Belenenses, um pouco aquém das expectativas. É verdade que
regressaram esta época à Primeira Liga mas, após vencer a Segunda Liga de forma
ímpar, com vários pontos de avanço sobres os adversários, e com um plantel
reforçado, pareciam ser candidatos a uma presença no meio da tabela. Os azuis
apresentam um futebol agradável mas, ao mesmo tempo, uma grande dificuldade em
concretizar, possuindo o pior ataque do campeonato, com apenas 9 golos marcados
em 15 jogos. Aproveitaram a corrente
reabertura do mercado de transferências para reforçar o seu sector ofensivo e,
caso melhorem neste aspecto, podem fazer uma segunda volta bem mais tranquila.
Abaixo da linha de água, estão aquelas que se têm apresentado, de forma
bastante clara, como as piores equipas do campeonato. A um Olhanense muito descaracterizado,
incapaz de se encontrar e que já vai no terceiro treinador da época, junta-se a
maior desilusão da temporada, o Paços de Ferreira. Os castores realizaram a
melhor época da sua história em 2012/2013 mas não conseguiram resistir ao
assalto feito aos seus valores. Perderam praticamente todos os seus melhores
jogadores e até a equipa técnica e, apesar de terem conseguido montar uma
equipa com nomes relativamente sonantes, não conseguem apresentar um futebol
competitivo. Agora treinados por Henrique Calisto, uma velha raposa destas
andanças do fundo da tabela, têm ainda tempo de conseguir a manutenção mas
precisam de melhorar muito, principalmente a nível defensivo.
Henrique Calisto tem pela frente uma tarefa titânica para salvar o Paços. |
Começa assim a segunda
volta do campeonato com muito equilíbrio em todas as diferentes lutas que o
compõem. São 15 jornadas pela frente. Tempo mais do que suficiente para se
mudar o que está mal e manter o que está bem. O campeonato promete, se não pela
sua grande qualidade futebolistica, pelo menos pela sua indefinição. Será assim
até ao fim?