terça-feira, 3 de setembro de 2013

Um Derby à 3ª Jornada

A 3ª jornada da Liga Portuguesa de Futebol Profissional trouxe-nos um derby de relevo que cativou os adeptos, algo pouco comum nos últimos anos já que a condicionante de não haver jogos entre os clubes grandes até à 5ª jornada foi uma realidade das ultimas edições. O Sporting recebia o Benfica no seu estádio e isso é sempre um jogo carregado de significado e emoção. Mas este jogo prometia algo mais. Apesar de ser ainda muito cedo no calendário futebolistico nacional,o jogo apresentava alguns factores que o tornavam diferente do realizado pelas mesmas equipas nas últimas épocas. De um lado, encontrava-se um Sporting altamente motivado, vindo de duas vitórias claras e com perspectivas legítimas de vencer o rival e dar um empurrão definitivo para uma época de sucesso e, do outro lado, um Benfica altamente pressionado pelos próprios adeptos, vindo de uma derrota e de uma vitória arrancada a ferros, com esperança de vencer o derby para estabilizar a equipa de forma decisiva e relançar a candidatura ao título. Nada disso aconteceu. O resultado foi um empate que acaba por não encher a barriga dos adeptos de nenhuma das equipas.
Adrien e Enzo proporcionaram um interessante duelo na primeira parte
O jogo jogado teve poucas oportunidades de golo e não se mostrou de grande qualidade futebolistica  mas mostrou, contudo, alguns pontos interessantes sobre as duas equipas. Pelo lado do Sporting, notou-se melhor as ideias que Leonardo Jardim, o seu treinador, quer implementar. A aposta recai num meio campo subido, com 2 homens mais avançados a pressionar o portador da bola no inicio da fase de construção, escudados por um pivot defensivo puro que serve de pilar para a consistência do meio campo. Para estes papeis, Jardim escolheu William Carvalho, jogador revelação da equipa leonina durante a pré temporada para trinco, Adrien Silva e André Martins para elementos mais adiantados. Estes dois jogadores ocupavam posições semelhantes mas apresentavam uma dinâmica diferente. André Martins subia mais quando a equipa tinha a bola mas logo recuava para uma posição semelhante à de Adrien quando esta a perdia, mas não era um verdadeiro número 10, não aparecendo para assumir a organização de jogo mas sim para combinar com os 3 homens da frente em jogadas rápidas e de poucos toques na bola. Estes dois jogadores foram os responsáveis pelo domínio Sportinguista na primeira parte e não deixavam Matic ou Enzo Perez respirar sempre que estes recebiam a bola, obrigando a que a entregassem em más condições e atrapalhando ou matando grande parte das jogadas benfiquistas. O Sporting jogou bem mas não me parece que André Martins e Adrien sejam jogadores para este tipo de jogo durante 90 minutos, principalmente o primeiro, apesar de tacticamente forte, vai perdendo disponibilidade física de forma evidente ao longo do jogo. A prestação de Freddy Montero é outro ponto a destacar nos leões mas agora a nível individual. O colombiano foi o homem mais avançado do Sporting e mostrou que tem qualidade. Marcou um bom golo mas foram as suas movimentações que me impressionaram. Aqui mostrou ser um jogador inteligente a fugir à marcação e a abrir espaços para os seus colegas. Sabe também recuar para  entrar no jogo colectivo, normalmente em pequenos toques e tabelas com os médios, logo aparecendo de novo na zona de finalização. Um jogador a fazer lembrar Liedson nos seus tempos áureos de verde e branco.
Montero festeja o primeiro golo da partida.
Do lado do Benfica, Jorge Jesus apostou numa das suas habituais tácticas, em 4-4-2, com a nuance de ter Gaitan como falso médio ala, a partir do flanco esquerdo para o centro assumindo-se como um número 10 nas costas dos móveis Lima e Rodrigo, dupla de avançados com quem deveria combinar ao longo das suas deambulações. Penso que a ideia de Jorge Jesus era pressionar a defesa leonina com a mobilidade dos seus dois avançados que abririam espaços para as entradas de Gaitan e até de Salvio, este também a descair mais para a zona central do que é habitual mas é difícil avaliar se esta era uma boa ideia do treinador encarnada visto que, na primeira parte, a equipa não teve muita bola para desenrolar este tipo de lances e depois Gaitan e Sálvio tiveram de sair por lesão. Confrontado com 3 lesões e a perder o jogo, Jorge Jesus não teve medo e passou a jogar num claro 4-2-4, lançando Markovic para a direita do ataque e Cardozo para o centro, o que levou Rodrigo a descair para a esquerda e apostou num futebol mais directo. Foi uma boa leitura de jogo pois permitiu que a bola passasse menos tempo no meio campo, onde o Sporting dominava e caísse mais vezes nos avançados das águias que combinavam entre si para abrir buracos na defesa leonina. Este sistema obrigou William Carvalho a recuar para ajudar a sua defesa e fez com que o meio campo sportinguista passasse a estar mais tempo numa situação de 2 para 2 ao invés da superioridade numérica de 3 para 2 da primeira parte. Isto, aliado ao esgotamento físico de André Martins fez com que o Benfica ganhasse o domínio de jogo e acabasse por empatar, curiosamente numa jogada individual. Destaque-se também no Benfica o regresso de Cardozo aos relvados, ainda muito fora de forma e a entrada de Markovic que mostrou excelentes pormenores e pode-se tornar num caso sério deste campeonato.
Markovic arranca para uma vistosa  jogada individual que culminaria com o golo do empate
O empate acaba por ser o resultado justo num jogo de pouca qualidade futebolistica mas de muita qualidade táctica. Leonardo Jardim e Jorge Jesus ofereceram um grande duelo de treinadores com o técnico dos leões a montar melhor a equipa e com Jorge Jesus a ler melhor o jogo, com este em andamento. Para as equipas, o empate não foi a vitória que o Benfica precisava para afastar definitivamente a pressão e para o Sporting não chegou para dissipar as dúvidas sobre se a equipa será realmente candidata a chegar ao fim do campeonato na disputa do título. 

Sem comentários:

Enviar um comentário