|
Após uma época em festa os adeptos deparam-se com outra realidade |
Foi a equipa sensação da
última temporada ao conseguir um espectacular terceiro lugar na Primeira Liga e
uma inédita qualificação para a pré eliminatória da Liga dos Campeões mas esta
época, após 7 jogos oficiais disputados, conta o mesmo número de derrotas. Esta
inversão de resultados parece ser surpreendente mas acaba por ser algo
previsível. Vejamos o que se passa no mundo do Futebol Clube Paços de Ferreira.
|
Equipa tipo do Paços de Ferreira 2012/2013 |
Após uma boa temporada,
será de esperar que um clube de média dimensão aproveite para vender os seus
principais activos e capitalizar assim os bons resultados desportivos. O Paços
de Ferreira não foi excepção e, após a brilhante temporada de 2012/2013, viu
sair a sua equipa técnica, à altura liderada por Paulo Fonseca, para o Futebol
Clube do Porto e também a maioria dos seus principais jogadores, dos quais se
destacam as transferências de Josué a acompanhar o treinador para os dragões,
de Vítor para o Sporting, de Luiz Carlos para o Sporting de Braga e de Diogo
Figueiras para o Sevilha. Além destes viu sair também o guarda redes Cássio e o
avançado Cícero, jogadores muito utilizados durante a temporada. Para os
substituir, o Paços manteve a toada de outras épocas em que a estabilidade
financeira é regra e conseguiu, mesmo assim, algumas contratações que, à
partida, garantem qualidade à equipa, casos de Rui Miguel e Gregory, jogadores
com historial em Portugal e que regressam ao campeonato nacional após passagens
pelo estrangeiro, Rúben Ribeiro e Hélder Lopes, que se tinham destacado na
época anterior ao serviço do Beira Mar, de Sérgio Oliveira e Michael Seri, duas
esperanças muito utilizadas na equipa B do FC Porto, de Carlão, avançado
experiente vindo do Sp. Braga e Bebé, internacional sub-21 por Portugal e emprestado
pelo Manchester United. Bons jogadores, sem dúvida, mas são também um grande número
de entradas para enquadrar na equipa em pouco tempo e isso é sempre uma causa
de instabilidade.
|
Possível equipa tipo do Paços de Ferreira 2013/2014 |
Para liderar o novo Paços
foi escolhido Costinha, um nome grande do futebol português como jogador mas
que não deixa de ser um treinador muito inexperiente. Aqui reside uma das
decisões mais controversas da direcção e que está a gerar alguma contestação no
clube. Costinha é um treinador que, pelo pouco que mostrou ao serviço do Beira
Mar na época anterior, gosta de futebol ofensivo e jogo apoiado. Isto não seria
problemático se o Paços não se tivesse destacado em 2012/2013 pela sua grande
segurança defensiva. Ou seja, à mudança obrigatória de treinador, a direcção
acabou por adicionar uma grande mudança de estilo de jogo da equipa. Em termos
tácticos, Costinha mantém, no papel, o 4-3-3 mas, em campo, a equipa comporta-se
de outra forma, muito desgarrada, a tentar impor velocidade quando tem a bola e
com os sectores algo afastados o que faz com que o meio campo, verdadeira chave
da anterior equipa de Paulo Fonseca, pressione menos a saída de bola adversária
e apareça menos a apoiar a defesa. Não é de estranhar que o Paços tenha já
encaixado 18 golos nos 7 jogos oficiais que disputou até agora, tantos como os
sofridos nas primeiras 21 jornadas da época anterior. A atacar, é uma equipa
algo previsível, tendo perdido, com a saída de Josué e Vítor, a capacidade de
efectuar passes a rasgar a defesa. Parece agora apostar na velocidade dos seus
alas e a maioria das suas jogadas acabam anuladas pela defesa adversária. Costinha
parece ter compreendido isso e até já abordou o tema dizendo que talvez seja um
treinador romântico demais. Talvez até por isso, não tem conseguido estabilizar
a equipa base e parece estar ainda à procura do melhor onze. Pelas suas palavras,
talvez comece até a procurar outra dinâmica de jogo. Numa equipa com tanta
gente nova, é o pior que pode acontecer pois só vem adicionar mais
instabilidade ao grupo.
|
André Leão foi dos poucos jogadores fundamentais que se manteve para esta temporada |
Mas o Paços de Ferreira
também se pode queixar da sorte. Todos os argumentos previamente utilizados são
válidos mas saem diminuídos quando analisamos o calendário que os castores
tiveram de enfrentar nestas 7 derrotas. Nas competições europeias jogaram por
duas vezes contra o Zenit de São Petersburgo e uma contra a Fiorentina, equipas
de outra dimensão futebolistica, com orçamentos estratosféricos quando
comparados com os 3 milhões de euros do Paços e equipas a condizer. Para o
campeonato nacional, em quatro jogos enfrentou aquelas que são talvez as
melhores equipas do panorama nacional, Sp. Braga, FC Porto e Benfica tendo
apenas enfrentado uma equipa do seu campeonato, o Olhanense, fora, num jogo
muito equilibrado em que saiu derrotada pela margem mínima após ter tido as
melhores oportunidades do jogo. Assim, as 7 derrotas acumuladas acabam por ser
derrotas naturais. Mas são sempre 7 derrotas e não existe qualquer outro
resultado pelo meio a contrabalançar o saldo. As derrotas são esperadas mas a
equipa parece estar a perder confiança e a jogar pior de jogo para jogo,
principalmente após sofrer um golo. Percebe-se que a maior dificuldade de
Costinha tenha deixado de ser a construção da equipa para passar a ser a luta
pela manutenção da confiança dos jogadores e principalmente a luta contra a
instalação de uma cultura de derrota. O campeonato do Paços de Ferreira começa
agora, com a recepção ao Vitória de Setúbal e é isso que Costinha estará a
tentar meter na cabeça dos jogadores. Só os próximos jogos dirão se o treinador
conseguirá levantar a equipa ou se esta se candidata a acabar a época a lutar
para não descer de divisão.
|
Costinha depara-se com grandes problemas para resolver |